Estudo de Fase II Avalia a Segurança e Tolerabilidade da Dapagliflozina após 14 Dias, como Tratamento Adicional à Insulina, em Pacientes Adultos com DT1.

 

Fonte: American Diabetes Association 73rd Scientific Sessions (2013).
Notícia publicada em: 31.08.2013
Autor: Indefinido

PRINCIPAIS PONTOS:

  • Média diária de glicose sanguínea, avaliada elo monitoramento contínuo da glicose (CGM) no sangue, diminuída com dapagliflozina no sétimo dia; média de 7 pontos de glicose sanguínea com tendência de redução em todos os grupos de tratamento até o dia sete.
  • Foi observada redução na dose total diária de insulina, no dia sete, com o uso da dapagliflozina.
  • Episódios de hipoglicemia foram comuns em todos os grupos e ocorreram mais frequentementenos grupos recebendo dapagliflozina.
  • AstraZeneca (NYSE: AZN) e Bristol-Myers Squibb Company (NYSE: BMY) anunciaram os resultados de um estudo piloto de duas semanas, de Fase IIa, que avaliou o uso de dapagliflozina, adicionada à insulina, em 70 pacientes adultos com DT1 e com controle glicêmico sub-ótimo. Os resultados deste estudo mostraram que em pacientes tratados com dapagliflozina:
  • Não ocorreu interrupção do tratamento devida à falta de controle glicêmico,
  • Poucas infecções, urinária e genital, foram relatadas e poucos eventos hipoglicêmicos foram observados em todos os grupos de tratamento.
  • O controle de 7 pontos diários de glicemia mostrou tendência à redução, em todos os grupos de tratamento, até o dia sete.
  • Reduções na dosagem total diária de insulina, no dia sete, foram necessárias em pacientes recebendo dapagliflozina.

Nesse estudo, houve um caso importante de hipoglicemia no grupo recebendo dapagliflozina 10 mg, o que levou à interrupção do tratamento. A proporção de efeitos colaterais (excluindo episódios de hipoglicemia) foi de 61,5% para o grupo placebo e 38,5%, 46,7%, 50,0% e 40,0% para os grupos recebendo dapagliflozina 1, 2.5, 5 e 10 mg associada à insulina, respectivamente. Ocorreram dois casos de infecção urinária (um no grupo placebo e o outro no grupo dapagliflozina 2.5 mg) e dois casos de infecção genital (um no grupo dapaglifozina 1 mg e o outro no grupo dapagliflozina 5 mg). Um caso de efeito adverso severo foi relatado (gastroparesia) no grupo dapagliflozina 5 mg, o que foi considerado como não relacionado com o tratamento e o único efeito adverso que levou à interrupção do tratamento.

“Muitos indivíduos com DT1 podem se beneficiar de outras opções de tratamento, associadas à insulina,” afirmou o Dr. Robert Henry, M.D., Diretor do Center for Metabolic Research VA San Diego Healthcare System e o principal investigador do estudo. “Esta informação preliminar, com a adição de dapagliflozina à insulina, é encorajadora e reforça a necessidade de mais estudos.”

Resultados dos objetivos exploratórios do estudo mostraram um aumento, dose-dependente, na excreção de glicose na urina com a dapagliflozina, no dia sete, com média de mudança da linha de base (41,9, 48,5, 72,4 e 88,8 gramas/24 horas para as doses de 1, 2,5, 5 e 10 mg, respectivamente), em comparação com uma diminuição no grupo recebendo placebo (-21,6 g). Os dados da monitorização contínua da glicose (CGM) sugerem um potencial dose-dependente para a redução de níveis glicêmicos, baseado na média de alteração desde a linha de base, da média de glicose diária (-15,7, -13,9, -29,5 e -41,3 mg/dL para as doses de 1, 2,5, 5 e 10 mg, respectivamente; -20,4 mg/dL para o placebo). Ainda, foram relatadas reduções na dosagem diária total de insulina, no dia sete, com doses mais elevadas de dapagliflozina (-19,31% para 5 mg e -16,17% para 10 mg em comparação com 1,66% para o placebo). O pesquisador observou que o pequeno tamanho da população limita a capacidade de interpretar os dados desse estudo.

A dapagliflozina, um composto de administração oral, sob investigação, é um inibidor seletivo e reversível da co-transportador de sódio-glicose 2 (SGLT2), que trabalha de forma independente da insulina. A dapagliflozina é atualmente aprovada para o tratamentode DT2 na União Europeia, Austrália, Nova Zelândia e México. Em janeiro de 2012, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA emitiu uma carta resposta completa para New Drug Application (NDA) relativa à dapagliflozina, para o tratamento de adultos com DT2, solicitando dados clínicos adicionais,para permitir uma melhor avaliação do perfil de risco-benefício da dapagliflozina.

“Nós estamos muito animados com a oportunidade de explorar o potencial da dapaglifozina, em pacientes com DT1,” disse Briggs Morrison, Vice-Presidente Executivo da Global Medicines Development e Chief Medical Officer da AstraZeneca. “A AstraZeneca/ Bristol-Myers Squibb Diabetes Alliance dedica-se ao tratamento do fardo global que é o Diabetes, avançando no campo de cuidados para os pacientes, de forma individualizada e esses resultados de estudos, embora preliminares, estão alinhados com tal compromisso.”

Modelo de Estudo

Esse foi um estudo piloto Fase IIa, de duas semanas, placebo-controlado, duplo-cego, aleatório, que avaliou a dapagliflozina como adição à insulina, para tratamento de pacientes com DT1, com controle glicêmico abaixo do desejável. Setenta pacientes adultos, recebendo insulina de maneira estável, com HbA1c 7-10% (média da linha de base 8,5%) foram aleatoriamente distribuídos para receber dapagliflozina (de 1 mg, 2,5 mg, 5 mg, 10 mg ou placebo) uma vez ao dia, durante 14 dias. O objetivo primário do estudo foi o de avaliar a segurança e tolerabilidade da dapagliflozina, após 14 dias de tratamento, como um ‘add-on’ à insulina, em pacientes adultos com DT1. Os objetivos secundários incluíram mudança, da linha de base, no dia sete, nos perfis da monitorizaçãode 7 pontos de glicose e respectiva farmacocinética. Os objetivos exploratórios incluíram a alteração da linha de base, em sete dias, nos perfis CGM e na presença de glicose na urina de 24 horas.

Sobre a Inibição de SGLT2

Os rins desempenham um papel importante no equilíbrio da glicose, filtrando normalmente cerca de 180g de glicose circulante na urina, por dia, com, virtualmente, quase toda a glicose que é filtrada pelos rins é reabsorvida para a circulação. O SGLT2 é um transportador de glicose encontrado nos rins, que desempenha um papel crítico na reabsorção de glicose. A inibição seletiva do SGLT2 bloqueia a reabsorção de glicose, da urina, o que facilita a sua remoção de fo ma independente da insulina.