Estudo reforça relação entre pesticidas e o desenvolvimento do diabetes

A exposição a esses compostos aumenta em até 64% os riscos de surgimento da doença.

O diagnóstico do diabetes na vida adulta geralmente está relacionado a uma dieta rica em açúcar e gorduras.

Combinada a uma rotina sedentária, a má alimentação é uma condição propícia para o desenvolvimento da resistência à insulina, a substância responsável por equilibrar o nível de glicose no sangue.

No entanto, mesmo alimentos saudáveis, como peixes e vegetais, podem ocultar um vilão pouco conhecido: pesticidas e outros compostos químicos que persistem por anos no solo e no organismo de animais e podem aumentar as chances de desenvolvimento de todos os tipos da síndrome metabólica em 61%.

O número foi divulgado no encontro da Associação Europeia para o Estudo de Diabetes, semana passada, em Estocolmo.

Um grupo de cientistas analisou 21 pesquisas que estudaram a relação entre os pesticidas e o diabetes em mais de 66 mil indivíduos de diversos países. “Nós ficamos surpresos com a consistência dos resultados em diferentes subgrupos e com a análise de sensitividade, onde o risco relativo permanece alto”, afirmou ao Correio ,Evangelos. Evangelou, pesquisador da Escola de Saúde Pública da Imperial College, de Londres, e um dos autores do trabalho comparativo.

Evangelou ressalta que os artigos analisados não explicam o mecanismo que pode ligar os pesticidas à doença. No entanto, ele também lembra que existem outros trabalhos experimentais — feitos com animais e em testes in vitro — mostrando que os pesticidas podem estimular a resistência à insulina, o que levaria ao desenvolvimento do diabetes tipo 2.

Quando investigaram especificamente a influência desses contaminantes sobre a variação desse tipo de diabetes, os artigos apontaram para um aumento de incidência de até 64%. “Mas seria importante a realização de uma revisão sistemática dos mecanismos do desenvolvimento desse diabetes por meio dos pesticidas e contaminantes orgânicos em geral”, pondera o pesquisador.

Fonte: Ciencia e Saúde- Portal do Correio Braziliense, de 20-09-2015