PAPEL DO FARMACÊUTICO NO CONTROLE GLICÊMICO DO PACIENTE DIABÉTICO

Existem cerca de 12 milhões de brasileiros diabéticos, segundo ao IDF – International Diabetes Federation (Atlas Diabetes – 6th Edition), e o Brasil se encontra na quarta colocação em número de diabéticos no mundo, perdendo somente para a China, Índia e EUA.

O diabetes é um sério problema de saúde pública em todo o mundo e mesmo com o surgimento de novas tecnologias, como o pâncreas artificial, medidores de glicose que não precisam de picadas, insulina inalada, que dispensa o uso de agulha, sem Educação (conhecimento), o tratamento fica comprometido, podendo levar ao surgimento das comorbidades inerentes do descontrole glicêmico como: retinopatia, neuropatia, nefropatia, doenças cardiovasculares, amputação e disfunção erétil.

“Diabetes com Educação é Diabetes sem Complicação”

O tratamento do Diabetes requer uma equipe multidisciplinar constituída por médico, nutricionista, Educador físico, psicologo, enfermeiro e também o farmacêutico, pois este profissional esta apto para fazer muito mais do que simplesmente dispensar medicamentos.

O grande número de farmácias e drogarias existentes no Brasil (cerca de 80.000 estabelecimentos), a frequência com que o paciente diabético vai até a farmácia e a facilidade em ser atendido por um profissional da área de saúde, coloca o farmacêutico na linha de frente e com um papel fundamental no tratamento do diabetes.

O paciente diabético ou seu cuidador frequenta a farmácia no mínimo 1 vez ao mês em busca de seus medicamentos de uso continuo e insumos para controle da doença. Ou seja, o diabético tem mais contato com o farmacêutico do que com o médico, que ele vê com menos frequência, em média de 2 vezes ao ano.

O farmacêutico pode fazer a diferença, pois se encontra bem posicionado para aconselhar e educar seus pacientes sobre o controle do diabetes e a prevenção, ele é o primeiro a ver uma pessoa com, ou em risco de desenvolver diabetes, identificando os pacientes de alto risco (histórico familiar, obesidade, sedentarismo, tabagismo, hipertensão) e orientando-os a buscar o médico para um diagnóstico precoce.

O farmacêutico ao avaliar o estado de saúde do paciente tem como incentivá-lo a aderir ao tratamento prescrito pelo seu médico, além de detectar possíveis interações medicamentosas. Existem muitos pacientes que não informam ao médico sua condição de diabético e por algum motivo recebem uma prescrição de corticóide para algum tipo de  tratamento temporário, droga esta hiperglicemiante, que vai levar a um descontrole glicêmico, mesmo que o paciente esteja seguindo a risca todas as determinações de seu médico para o tratamento do diabetes.

O farmacêutico pode também através de planilhas ou programas específicos, acompanhar e monitorar os parâmetros bioquímicos dests pacientes encaminhando-o a outros profissionais de saúde, que fazem parte da equipe multidisciplinar, quando necessário.

Exercendo o papel de Educador em Diabetes, este profissional poderá capacitar o paciente diabético a gerir melhor o seu controle, através do autocuidado tais como orientando-os nas melhores práticas de uso correto das medicações e equipamentos como glicosímetros e dispositivos para aplicação de insulina como canetas e seringas.

O simples fato de fazer um teste de glicose capilar sem que tenha feito uma higienização correta das mãos, pode levar a resultados irreais, que consequentemente levam a doses de insulinas não adequadas para o momento, gerando um descontrole glicêmico.

Mesmo não sendo um profissional da área de nutrição, o farmacêutico pode dar as orientações dietéticas básicas, fazendo com que este paciente tenha uma alimentação mais saudável e balanceada.

Na mesma linha, pode-se também orientar e incentivar este paciente à pratica de atividade física, que aliada a alimentação equilibrada e ao tratamento medicamentoso prescrito pelo médico, são os pilares para uma vida saudável mesmo com diabetes.

O farmacêutico também pode atuar na sustentabilidade do planeta, orientando ao paciente diabético no descarte consciente de todo o lixo produzido com as medições de glicose, aplicações de insulina, evitando assim a contaminação dos trabalhadores que manuseiam este descarte e do solo onde ele é depositado.

Toda esta prestação de serviços na gestão do diabetes requer conhecimento sobre o mercado (produtos, medicamentos e insumos disponíveis), habilidades de comunicação, e um compromisso de tempo, esforço e recursos.

Os farmacêuticos que se dedicam a formação em gestão de diabetes colhem recompensas em termos de satisfação profissional.

Fonte: Portal SBD

Informações do Autor
Mônica Amaral Lenzi
-Farmacêutica
-Qualificada pela SBD e IDF
-Membro do Departamento de Educação da SBD
-Autora do e-Book “Os 5 Segredos que você deve saber sobre a insulina”