Parar de fumar afeta o controle glicêmico de diabéticos?

Fonte: The Lancet Diabetes & Endocrinology, publicação online, de 29 de abril de 2015
Notícia publicada em: 06.05.2015
Autor: Indefinido

Fumar aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 2.

No entanto, vários estudos populacionais mostram também um risco maior de desenvolver diabetes nos primeiros três a cinco anos após a cessação do tabagismo do que em fumantes que continuam a fumar.

Depois de dez a doze anos, o risco de diabetes equivale a quem nunca fumou.

Pequenos estudos de coorte sugerem que o controle do diabetes deteriora temporariamente durante o primeiro ano após parar de fumar.

Em um estudo populacional, os investigadores avaliaram se parar ou não parar de fumar está associado ao controle alterado do diabetes, por quanto tempo esta associação persiste e se esta associação foi ou não mediada pela mudança de peso corporal.

Foi feito um estudo de coorte retrospectivo (01 de janeiro de 2005 a 31 de dezembro de 2010) de fumantes adultos com diabetes tipo 2, utilizando a  The Health Improvement Network (THIN), um grande banco de dados de atenção primária no Reino Unido.

Foram desenvolvidos modelos de regressão multiníveis ajustados para investigar a associação entre o ato de parar de fumar, a duração da abstinência do cigarro, a mudança na HbA1ce o efeito mediador da mudança de peso corporal nesta associação.

Foram incluídos no estudo 10.692 fumantes adultos com diabetes tipo 2. Destes, 3.131 (29%) pararam de fumare permaneceram abstinentes por pelo menos um ano.

Após o ajuste para possíveis fatores de confusão, a HbA1c aumentou em 0,21% (IC 95% 0,17-0,25; p<0,001; [2,34 mmol/mol (IC 95% 1,91-2,77)]) no primeiro ano após parar de fumar.

A HbA1c diminuiu à medida que a abstinência continuou e tornou-se comparável a dos fumantes contínuos após três anos.

Este aumento da HbA1c não foi mediado pela mudança de peso corporal.

No diabetes tipo 2, a cessação do tabagismo está associada à deterioração do controle da glicemia que dura cerca de três anos e esta não está relacionada ao ganho de peso corporal.

Em nível populacional, este aumento temporário pode aumentar as complicações microvasculares.

O estudo foi financiado pelo  National Institute for Health Research School for Primary Care Research.