Por Que a Dieta Mediterrânea Faz Bem à Saúde? Entenda!

Por Que a Dieta Mediterrânea Faz Bem à Saúde? Entenda!

A culinária rica em vegetais e gordura boa altera positivamente sinais de inflamação, o metabolismo da glicose e da resistência à insulina, além do índice de massa corporal, mostra estudo americano com dados de 25 mil mulheres

Os benefícios da culinária mediterrânea para a saúde de seus apreciadores têm sido demonstrados regularmente em estudos científicos. A fama fez, inclusive, que seus pratos e ingredientes virassem uma dieta e ganhassem adeptos por diferentes cantos do mundo. O que se passa no organismo humano com a ingestão regular desses alimentos, porém, não é completamente entendido. Uma equipe de pesquisadores de instituições americanas começaram a destrinchar esse processo e divulgaram o resultado do trabalho no periódico Jama Network Open.

“Embora estudos anteriores tenham mostrado benefícios para a dieta mediterrânea na redução de eventos cardiovasculares e na melhora dos fatores de risco cardiovascular, em que medida as melhorias de fatores conhecidos e novos contribuem para esses efeitos tem sido uma caixa-preta”, diz Samia Mora, especialista em medicina cardiovascular do Brigham and Women’s Hospital e da Harvard Medical School. “Nesse grande estudo, descobrimos que diferenças modestas nos biomarcadores contribuíram de forma multifatorial para um benefício cardiovascular, que foi observado em longo prazo.”

Mora e equipe tiveram como base dados de mais de 25 mil profissionais de saúde do sexo feminino que participaram do Estudo de Saúde da Mulher. As participantes responderam a um questionário de consumo alimentar, forneceram amostras de sangue e foram acompanhadas ao longo de 12 anos. A equipe categorizou as voluntárias como adeptas de dieta mediterrânea baixa, média ou alta, considerando a quantidade e a frequência com que os alimentos dessa culinária eram ingeridos. De uma forma geral, os cientistas identificaram redução de 25% no risco de doenças cardiovasculares entre as participantes que seguiram a dieta rica em vegetais, frutas e azeite de oliva e com poucas quantidades de carnes e doces. Descobriu-se que, ao longo do estudo, 4,2% das mulheres do grupo baixo experimentaram um evento cardiovascular, contra 3,8% das do grupo médio e 3,8% das do grupo superior, representando, respectivamente, redução do risco relativo de 23% e 28%. Segundo os autores, o benefício é semelhante, em magnitude, à ação de estatinas ou de medicamentos preventivos.

Biomarcadores 

Os investigadores também exploraram por que e como a dieta mediterrânea pode reduzir o risco de doenças cardíacas e derrame examinando um painel de 40 biomarcadores, representando novos e estabelecidos contribuintes biológicos para doenças cardiovasculares. Por meio dos exames de sangue colhidos ao longo dos 13 anos, a equipe detectou mudanças nos sinais de inflamação (responsáveis por 29% da redução do risco de doença cardiovascular), no metabolismo da glicose e da resistência à insulina (27,9%) e no índice de massa corporal (27,3%).

Principal autor do estudo, Shafqat Ahmad, do Brigham and Women’s Hospital e da Harvard Chan School, ressalta que os resultados têm importante aplicação clínica, com impactos consideráveis no bem-estar da população. “Nosso estudo tem uma forte mensagem de saúde pública: de que mudanças modestas nos conhecidos fatores de risco de doenças cardiovasculares, particularmente aqueles relacionados a inflamação, metabolismo da glicose e resistência à insulina, contribuem para o benefício a longo prazo da dieta mediterrânea. Isso tem consequências importantes para a prevenção primária de doenças cardiovasculares”, enfatiza.

Também foram identificadas conexões com melhoria na pressão arterial, nas taxas de colesterol, aminoácidos de cadeia ramificada e outros biomarcadores. Nesses casos, porém, houve menos associação entre a dieta mediterrânea e a redução de risco cardiovascular. As complicações consideradas no estudo foram o registro dos primeiros eventos de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, revascularização arterial coronariana ou morte cardiovascular.

Fonte: Saúde Plena – Estado de Minas 03/01/2019.