Grande estudo de dados associa uso de fenofibrato a redução do risco de progressão para formas de retinopatia diabética com risco de perda da visão.
“A possibilidade de que um medicamento oral originalmente usado para tratar outra doença seja benéfico para o tratamento da doença ocular diabética é empolgante”, escreveu o médico Dr. Robert N. Frank, professor emérito de oftalmologia na Wayne State University, nos Estados Unidos, em um editorial que acompanha o estudo publicado no periódico JAMA Ophthalmology.
O medicamento oral tipicamente prescrito para a redução de lipídios também está sendo estudado em vários ensaios clínicos em andamento para a prevenção do agravamento da retinopatia diabética, e foi aprovado para essa indicação na Austrália em 2013.
Dois pequenos ensaios, o Action to Control Cardiovascular Risk in Diabetes (ACCORD) Eye e o Fenofibrate Intervention and Event Lowering in Diabetes (FIELD), já demonstraram redução na retinopatia diabética com risco de perda de visão com o uso do fenofibrato.
Mas os resultados desses estudos anteriores foram um pouco conflitantes em termos de progressão global da retinopatia diabética, e as diretrizes para o uso do medicamento com essa indicação publicadas pelas sociedades profissionais não foram consistentes. As diretrizes da American Academy of Ophthalmology para retinopatia diabética não comenta sobre o uso de fenofibrato, enquanto a declaração de posição da American Diabetes Association defende uma abordagem colaborativa para o uso de fenofibrato.
Detalhes do Estudo
Para elucidar ainda mais a relação entre fenofibrato e retinopatia diabética, Elana Meer, pesquisadora da University of Pennsylvania, nos Estados Unidos, e colegas, analisaram dados do Optum Clinformatics Data Mart Database de contas médicas sem identificação.
No total, 150.252 pessoas tinham retinopatia diabética não proliferativa no início do estudo, das quais, 5.835 tomavam fenofibrato para controle do colesterol e 144.417 não.
Eles então calcularam a razão de risco (RR) de progressão para estágios mais graves de retinopatia diabética. Em comparação com quem não usava fenofibrato, os que o faziam tiveram um risco 8% menor de doença com risco de perda da visão (RR de 0,92; intervalo de confiança [IC] de 95% de 0,87 a 0,98; P = 0,01).
Os pacientes que tomaram fenofibrato também tiveram um risco 24% menor de doença proliferativa (RR de 0,76; IC 95% de 0,64 a 0,90; P = 0,001).
No entanto, em contraste com os resultados do estudo FIELD, os pacientes deste estudo não tiveram um risco significativamente reduzido de edema macular diabético (RR de 0,96; IC 95% de 0,90 a 1,03; P = 0,27).
O estudo foi financiado por National Institutes of Health dos Estados Unidos, University of Pennsylvania, Research to Prevent Blindness e Paul and Evanina Mackall Foundation. Um autor do estudo relatou relações financeiras com a EyePoint Pharmaceuticals. Elana e Dr. Robert informaram não ter relações financeiras relevantes.