Altos Níveis de Lipoproteína (a) no Diabetes Tipo 1 Aumentam o Risco de DCV

Altos Níveis de Lipoproteína (a) no Diabetes Tipo 1 Aumentam o Risco de DCV

Em um estudo observacional feito com prontuários de pacientes ambulatoriais suecos com Diabetes Tipo 1, os participantes com altos níveis plasmáticos de lipoproteína(a) (definidos como >120 nmol/L ou aproximadamente 50 mg/dL) tiveram mais chances de apresentar albuminúria, calcificação da valva aórtica ou uma medida composta de doença cardiovascular

E, os pacientes cujo nível sérico de hemoglobina glicada (HbA1C <6,9%) estava controlado tiveram menores níveis de lipoproteína(a) – Lp(a).

O estudo, liderado pela Dra. Karin Littmann, médica doutoranda no Departamento de Medicina Laboratorial do Karolinska Institute, na Suécia, foi publicado em18 de dezembro no periódico Diabetes Care.

“O nível de risco de doença cardiovascular identificado com a Lp(a) de 120 nmol/L e a associação entre os níveis de Lp(a) e doença valvar aórtica são novos achados” para pacientes com diabetes tipo 1, redigiu o grupo.

Estes resultados mostram que os altos níveis de Lp(a) nos pacientes com Diabetes Tipo 1 “aumentam o seu já elevado risco de doença cardiovascular”, disse a Dra. Karin em uma declaração publicada pelo Karolinska Institutet.

“Os níveis séricos desses lipídios devem, portanto, ser dosados e fazer parte da avaliação global do risco”, segundo a pesquisadora.

Como atualmente não há nenhum tratamento disponível para baixar os níveis da Lp(a), “o tratamento de todos os outros fatores de risco de doença cardiovascular deve ser otimizado para os pacientes com Diabetes Tipo 1 e níveis elevados de lipoproteína(a)”, argumentou a médica.

Níveis de Lp(a) no Diabetes Tipo 1

Os níveis plasmáticos da Lp(a) são, em grande parte, determinados pelos genes e pela etnia, e são muito menos alterados por idade, sexo e alimentação, escreveram os autores.

Altos níveis de Lp(a) estão associados a aumento significativo do risco de doença coronariana, calcificação valvar aórtica e doença arterial periférica.

Em outro estudo recente, ter diabetes tipo 2 e altos níveis de Lp(a) foi associado a um risco 3,5 vezes maior de evento cardiovascular em comparação a não ter diabetes ou ter baixos níveis de Lp(a) (< 24 nmol/L ou aproximadamente 10 mg/dL), observaram Dra. Karin e colaboradores. (Jin JL et al. Diabetes Care 2019;42:1312-1318)

Para estudar esta relação no Diabetes Tipo 1, os pesquisadores identificaram 1.860 pacientes com Diabetes Tipo 1 atendidos no ambulatório do hospital de agosto de 2017 a outubro de 2018 e que dosaram os níveis plasmáticos da Lp(a).

A mediana de idade dos pacientes foi de 48 anos, e eles tinham diabetes, em mediana, há 25 anos. A coorte teve um pouco mais de homens (56%) do que mulheres.

Embora a maioria dos pacientes (69%) nunca tenha fumado, 18% eram fumantes e 13% tinham fumado no passado

A mediana dos níveis de HbA1C dos pacientes foi de 7,7%.

Um terço dos pacientes tinham níveis plasmáticos muito baixos de Lp(a) (< 10 nmol/L); 27% tinham níveis baixos (10 nmol/L a 30 nmol/L); 23% tinham níveis intermediários (30 nmol/L a 120 nmol/L); e 16% tinham níveis elevados (> 120 nmol/L).

Poucos pacientes tinham doença coronariana (6,9%), doença cerebrovascular (3,4%), calcificação valvar aórtica (4,7%) ou pé diabético (indicador alternativo de doença arterial periférica; 4,1%); e 13% tinham albuminúria.

Após a correção por idade e tabagismo, quando comparados com os pacientes com níveis muito baixos de Lp(a), aqueles com altos níveis de Lp(a) foram significativamente mais propensos a ter calcificação valvar aórtica (razão de risco ajustada ou adjusted risk ratio, aRR, de 2,03), úlcera do pé diabético (1,51), albuminúria (1,68), ou um composto de doença coronariana, doença cerebrovascular e úlcera do pé diabético (1,51).

Os pesquisadores reconhecem que, entre as limitações do estudo há o fato de ser observacional e, portanto, não poder revelar causalidade.

Além disso, apenas nove pacientes apresentaram doença cardiovascular manifesta, e a dosagem da Lp(a) de 5% dos pacientes foi feita em outro laboratório, utilizando um método diferente do imunoensaio.

Oligonucleotídeos antisense, um possível futuro tratamento?

Dra. Karin e colaboradores, no entanto, destacam que a Lp(a) está “emergindo como um alvo clinicamente importante para novos tratamentos farmacológicos com oligonucleotídeos antisense experimentais para reduzir significativamente os níveis da Lp(a)”.

Como descrito anteriormente, resultados promissores do estudo de fase 2b com o oligonucletídeo antisense AKCEA APO(a)-LRX (Akcea Therapeutics/Ionis Pharmaceuticals) foram apresentados nas sessões científicas de 2018 da American Heart Association (AHA).

Este tipo de tratamento “se comprovar eficácia e segurança, pode vir a ser uma opção terapêutica para este grupo de pacientes, com diabetes tipo 1 e alto risco inerente de doença cardiovascular”, concluíram Dra. Karin e colaboradores.

O estudo recebeu subsídios da Sverige Hjärt-Lungfonden, Vetenskapsrådet, Karolinska Institutet e Sanofi. Os autores informaram não ter conflitos de interesses relevantes.

Diabetes Care. Publicado em 18 de dezembro de 2019. Abstract

Fonte: Medscape , 23 de janeiro de 2020 – Por: Marlene Busko.