As Principais Orientações para Quem pode Ter Sido Exposto ao SARS-CoV-2

As Principais Orientações para Quem pode Ter Sido Exposto ao SARS-CoV-2

As chances de exposição ao novo coronavírus aumentaram durante as festividades de final de ano. Apesar das orientações das autoridades de saúde para que se evitasse aglomerações, muitos brasileiros não seguiram o conselho.

O Medscape reuniu as principais orientações para quem se expôs a situações de risco de infecção ou apresenta algum sintoma de covid-19.

As informações foram obtidas em entrevistas com o Dr. Sérgio Wey, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas; o Dr. Renato Kfouri, infectologista da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm); a Dra. Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas; o Dr. Celso Granato, virologista e diretor clínico do Grupo Fleury; e o Dr. Luiz Cláudio Arraes, epidemiologista da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Consultamos também os sites da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e da Harvard Medical School .

Pode haver pequenas variações nas recomendações dos especialistas entrevistados e outros médicos.

Qual o primeiro passo em caso de suspeita de infecção pelo SARS-CoV-2?

Com ou sem sintomas, a primeira medida a ser tomada por quem acredita que teve contato com pessoa infectada ou com suspeita de ter covid-19 é se isolar. Em seguida, deve entrar em contato com um médico e fazer o teste por transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR, sigla do inglês Reverse Transcription Time Polymerase Chain Reaction), orientou a Dra. Rosana.

Também é necessário que a pessoa avise todos aqueles com quem entrou em contato nos últimos dias – antes e depois do contato suspeito.

“Pode ser uma boa ideia telefonar para as pessoas que se encontraram no Natal ou Ano Novo para monitorar se estão todos bem ou se alguém teve sintomas”, aconselhou o Dr. Luiz Claudio (Lula) Arraes, médico de Pernambuco.

Se os sintomas forem intensos, como alta ou baixa temperatura corporal, dispneia, confusão mental ou grande fraqueza, os especialistas recomendam que o paciente vá diretamente ao hospital.

Quando fazer o teste?

A SBI orienta que pacientes com suspeita de covid-19 que manifestam sintomas sejam submetidos ao exame RT-PCR, com material coletado da nasofaringe por swab, idealmente na primeira semana de sintomas.

Na presença de sintomas, o exame deve ser feito entre o terceiro e o quinto dia a partir do início dos sintomas, quando a sensibilidade do teste é maior. No entanto, os médicos podem adotar condutas diferentes quanto a isso. O Dr. Renato recomenda que o exame seja realizado no momento em que o paciente sintomático buscar atendimento.

“Estudos apontam que o indivíduo infectado já transmite o vírus dois dias antes do surgimento dos primeiros sintomas e que o pico do contágio ocorre cinco dias após o início dos sintomas”, explicou o infectologista.

Quais são os sintomas mais comuns da covid-19?

Muitas pessoas infectadas com o vírus não manifestam sintomas ou apresentam manifestações leves.

Quando a infecção pelo novo coronavírus causa sintomas, os mais frequentes são febre, tosse, dor de garganta, dor “tipo sinusite”, náuseas, perda de apetite, perda ou alteração do olfato e/ou do paladar, cansaço, dor muscular, dor torácica e falta de ar.

Alguns pacientes podem apresentar sintomas gastrointestinais como náuseas, dor de estômago ou diarreia. Esses sintomas podem começar antes de outros como febre, dor no corpo e tosse, segundo especialistas da Harvard University. Eles lembram que também podem ocorrer sintomas como fadiga, calafrios, dor de cabeça, perda de apetite, fraqueza muscular, formigamento ou dormência nas mãos e nos pés, tontura, confusão, delírio, convulsões e acidente vascular cerebral (AVC).

De acordo com a SBI, no atual momento da pandemia, todo paciente com sintomas de “resfriado ou gripe” pode ter covid-19, devendo entrar em isolamento respiratório imediatamente. Em seguida, o paciente deve procurar atendimento médico presencial ou virtual.

O resultado positivo do teste RT-PCR confirma o diagnóstico de covid-19, visto que resultados falso-positivos são raros (especificidade ≥ 99%).

Se o teste foi positivo, o vírus está ativo no organismo do paciente, que deve ser orientado a ficar 10 dias em isolamento respiratório, contados a partir da data do exame.

Se o resultado do teste for negativo, o indivíduo poderá sair do isolamento respiratório em sete dias, contados a partir da data do último contato, mantendo as medidas preventivas.

Nos casos em que o resultado é negativo, mas as suspeitas clínicas são consistentes, o paciente também deve completar 10 dias de isolamento respiratório, já que existem chances de o resultado do RT-PCR ser falso-negativo.

Se a pessoa apresentar algum sintoma de covid-19 duas semanas após o contato, é necessário voltar a realizar o RT-PCR e a fazer isolamento respiratório.

A repetição do teste também deve ser considerada caso o indivíduo conviva com idosos ou pessoas pertencentes a outros grupos vulneráveis e queira reduzir os riscos. Nesta situação, pode ser realizado outro teste quatro ou cinco dias após o primeiro.

“No total, ambos os testes ocorrerão em um prazo de pelo menos 4 a 10 dias após o contato. É um período em que a imensa maioria das pessoas tem o vírus no nariz e apresenta chance de transmitir a doença”, explicou o Dr. Celso.

Os testes exigem prescrição médica?

Não. Os testes de covid-19 podem ser feitos em laboratórios clínicos por demanda do paciente. No Brasil, os laboratórios oferecem testes em domicílio.

O que é isolamento respiratório?

Os pacientes com forte suspeita clínica de covid-19 e aqueles que tiveram a doença confirmada por RT-PCR devem ficar 10 dias em isolamento respiratório domiciliar, isto é, devem ficar preferencialmente sozinhos no quarto, afastados de seus familiares e amigos.

De acordo com a SBI, depois de 10 dias, o paciente pode sair do isolamento respiratório caso não apresente febre nas últimas 72 horas. Nenhum exame é suficiente para dar alta do isolamento ou autorização de retorno ao trabalho se a pessoa tiver febre.

Qual é a diferença entre quarentena e isolamento?

A quarentena tem a ver com o período de incubação da doença, enquanto o isolamento é relativo ao período de transmissibilidade da doença.

Pelas condutas atuais, as pessoas que estão infectadas devem ficar em isolamento até o 10º dia. Se no 10º dia estiverem sem sintomas, elas podem sair do isolamento.

“Pacientes com quadro mais grave, que necessitaram de internação e terapia intensiva ficam em isolamento por até 21 dias. Estudos mostram que pessoas com sintomas graves podem excretar o vírus por mais tempo”, explicou a Dra. Rosana.

Pessoas imunodeprimidas também poderão ter a duração do isolamento respiratório prolongada para até 20 dias – cada caso deve ser analisado individualmente.

Já as pessoas que entraram em contato com alguém que esteja com suspeita de infecção ou com infecção confirmada, devem entrar em quarentena por 7 a 10 dias, no máximo, para observar se há manifestação de sintomas. Caso esses indivíduos não queiram ou não possam fazer o exame para detecção do vírus, mas convivam com outras pessoas, a recomendação é que usem máscara dentro de casa e mantenham distanciamento físico de pelo menos dois metros. É recomendável que durmam em quartos separados, se possível.

Quais são os testes disponíveis?

O RT-PCR revela a presença do vírus ativo no organismo.

Teste rápido de antígeno

Este método identifica partes de proteínas do vírus. Os resultados podem demorar entre 15 a 30 minutos. Oferece sensibilidade menor em comparação com o RT-PCR para detectar a infecção no início. Além disso, tem maior margem de resultados falso-positivos. De todo modo, o resultado negativo aponta que a pessoa não está transmitindo o vírus naquela data.

Testes moleculares rápidos

São testes que podem ser processados por um dispositivo portátil, como o ID Now e o Cepheid Xpert Xpress. Da mesma forma que o teste processado em laboratório, também podem identificar o material genético remanescente do vírus, porém com sensibilidade menor. O resultado negativo não garante que a pessoa esteja livre do coronavírus.

Teste sorológico

Este teste não revela a presença do vírus ativo e não serve para diagnosticar a fase aguda da doença. Seu alvo é detectar anticorpos produzidos pelo organismo exposto ao vírus por meio de uma reação química entre o antígeno usado e o anticorpo.

Feito por meio de amostra de sangue, soro ou plasma, detecta a presença de anticorpos contra o vírus, o que indica se a pessoa teve contato com o organismo e produziu anticorpos. O resultado é rápido.

Fonte: Medscape- Medical News , 07 de janeiro de 2021 – Por: Mônica Tarantino