Doença pode trazer riscos à mãe e ao bebê; Entenda!
Se a gravidez costuma revelar diversas surpresas para as mulheres, uma das mais desagradáveis está relacionada à Diabetes Gestacional (D.G). Resultado de uma série de fatores, a doença costuma ser diagnosticada no segundo trimestre da gestação e pode alterar de forma significativa a rotina das futuras mamães.
Uma das principais dúvidas levantadas pelas gestantes diagnosticadas com Diabetes diz respeito ao fato de nunca terem apresentado qualquer sintoma da doença antes de engravidarem. De fato, conforme explicam os especialistas, a enfermidade pode ocorrer independentemente de a mulher já ser diabética. Está relacionada, portanto, à ocorrência da gravidez e não simplesmente ao quadro clínico da paciente.
Conforme explica o endocrinologista Antônio Roberto Chacra, do Hospital Sírio-Libanês, a Diabetes Gestacional difere do caso em que a mulher já é diabética e então engravida. “Neste caso, trata-se de um binômio de Diabetes e gravidez. Na gestacional, a mulher não tinha diabetes, mas desenvolveu durante a gravidez”, explica o médico.
O Diabetes na gravidez não é tão frequente como se costuma imaginar. No entanto, de acordo com Chacra, trata-se de um evento que pode atingir toda e qualquer gestante. Por conta disso, atualmente é obrigatória a realização de exames para detectar a dosagem de glicose em todas as mulheres que engravidam. O procedimento deve ser feito ao menos três vezes durante a gestação, uma a cada trimestre.
Segundo a endocrinologista Dra. Claudia Cozer Kalil, coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtorno Alimentar do Hospital Sírio-Libanês, o Diabetes Gestacional pode ocorrer pela elevação de hormônios contrarreguladores da insulina. Ou seja, hormônios que são antagônicos à ação da insulina no organismo.
“O principal hormônio relacionado à resistência à insulina durante a gravidez é o hormônio lactogênico placentário (BHCG). Contudo, sabe-se hoje que outros hormônios hiperglicemiantes, como cortisol, estrógeno, progesterona e prolactina, também estão envolvidos”, completa Claudia.
Durante a gravidez, no entanto, o Diabetes também pode surgir devido ao estresse fisiológico imposto pela condição. Fatores predeterminantes também podem ser responsáveis pelo aparecimento da doença e são estes os pontos que melhor podem ser observados por quem deseja engravidar ou por quem está no início da gestação e não quer ser pega de surpresa com o diagnóstico do Diabetes.
Chacra explica que a incidência de Diabetes durante a gravidez é maior entre as mulheres que engravidam após os 30 anos, que têm excesso de peso e/ou são sedentárias, e também entre aquelas que já têm histórico da doença na família (manifestada não necessariamente durante uma gravidez).
“Essas circunstâncias fazem com que apareça o Diabetes na gravidez. Aumenta o índice de glicose e a substância acaba passando pela placenta. Em consequência, a criança nasce com peso excessivo. Filhos de mães com Diabetes gestacional nascem com excesso de peso”, alerta o endocrinologista.
A manicure Daniela Aparecida Ribeiro de Camargo conviveu com o Diabetes em duas de suas três gestações. Em cada uma delas, uma situação diferente. Na primeira, desenvolveu a doença, mas o diagnóstico foi tardio. A criança não sobreviveu ao parto, mas não foi comprovada à época relação direta entre a Diabetes Gestacional e o óbito do recém-nascido. Na segunda gestação não houve qualquer ocorrência. Daniela deu à luz uma menina, que nasceu de parto normal e não enfrentou qualquer problema de saúde nos anos seguintes.
Oito anos depois, em sua terceira gestação, Daniela foi diagnosticada com Diabetes e teve de seguir cuidados diferenciados. O médico recomendou dieta específica, similar àquela adotada por pacientes que desenvolvem diabetes em outras situações da vida.
Além disso, foi feito um controle para verificar a necessidade ou não de aplicar insulina na gestante. Por fim, Daniela deu à luz Samuel, que nasceu acima do peso, mas não apresentou maiores problemas de saúde nos meses e anos seguintes.
“Não senti diferenças entre a segunda e a terceira gestação, quando tive Diabetes. Nesta última, no entanto, os médicos notaram que a barriga cresceu muito durante o sétimo mês. Foi aí que pediram um exame mais detalhado e verificaram o Diabetes”, explica Daniela, que não teve e nem voltou a ter Diabetes fora das gestações.
Os endocrinologistas alertam que o Diabetes na gravidez pode ser assintomática. Ou seja, em alguns casos, a gestante até percebe algumas ocorrências (urinar em excesso, ingerir muita água), mas a doença geralmente não se manifesta por sintomas. “Por isso que é obrigatório o exame, a dosagem de glicose no sangue, em todas as gestantes”, explica Chacra.
Quem deseja engravidar deve, portanto, verificar de início suas condições clínicas: Está com excesso de peso? É sedentária? Tem histórico de Diabetes na família? Lembrando que tais condições apenas reforçam a importância da realização frequente da dosagem de glicose no sangue, mas o exame deve ser feito por todas as gestantes.
Se diagnosticada com Diabetes, a gestante receberá uma dieta especial e poderá, em casos mais graves, receber doses de insulina. Após o parto, no entanto, o Diabetes na mãe simplesmente desaparece. A criança também não desenvolve a doença ao nascer.
“A mãe, entretanto, deve tomar cuidado. Se engordar com o passar dos anos, terá mais chances de desenvolver Diabetes Tipo 2 por volta dos 45, 50 anos”, completa Chacra.
O endocrinologista também alerta que, apesar de não desenvolver Diabetes ao nascer, a criança, filha de uma mãe com Diabetes Gestacional, pode apresentar icterícia neonatal, pode ter de ficar mais tempo no berçário e também desenvolver complicação pulmonar.
Trata-se de um recém-nascido mais frágil, que requer mais cuidados médicos. Claudia aponta ainda que as pacientes com Diabetes Gestacional têm alto risco de recorrência da doença em gestações futuras. Também de acordo com a endocrinologista, recém-nascidos com excesso de peso (acima de 4 kg) têm mais riscos de desenvolver obesidade e Diabetes durante a adolescência.
Fonte: Portal R7 – Notícias Saúde , 25.08.2017 | por Thassio Borges – Equipe Coração e Vida.
Revisão técnica: Profº. Dr. Max Grinberg Núcleo de Bioética do Inst. do Coração do HCFMUSP.
Autor do blog Bioamigo
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