O Diabetes mellitus Tipo 2 (DM2) está associado a déficits neurológicos e cognitivos. Todavia, sua extensão , sobreposição com efeitos no envelhecimento e a eficácia dos tratamentos existentes do cérebro ainda são desconhecidos.
No trabalho realizado , usando um banco de dados biomédicos no Reino Unido , foram caracterizados com neuroimagem transversal e dados cognitivos , os efeitos neurocognitivos independemente associados ao DM2 e à idade em uma grande coorte de seres humanos.
Na continuação, foi possível avaliar a extensão da sobreposição entre os efeitos relacionados ao DM2 e a idade , utilizando medidas de correlação neurocognitivas caracterizadas separadamente. Os resultados encontrados foram complementados por relatórios publicados com medidas cognitivas ou de neuroimagens para DM2 e indivíduos saudáveis. Também foram avaliados indivíduos diagnosticados com DM2 , com o objetivo de observar como a cronicidade da doença e o tratamento com metformina interagem com os efeitos neurocognitivos identificados.
A meta análise incluiu dados cognitivos e de neuroimagem , incluindo indivíduos com DM2 e indivíduos saudáveis com idades entre 50 e 80 anos. A duração do DM2 variou de 0 a 31 anos ( média de 9 anos ), destes 50 % destes foram tratados apenas com metformina, 35 % não foram medicados.
Também foram incluídos 34 estudos cognitvos , 60 estudos de neuroimagem , 30 estudos de DM2 , e 30 de envelhecimento.
Fazendo a comparação com idade, sexo, escolaridade e indivíduos saudáveis pareados com hipertensão, o DM2 foi associado a déficits cognitivos acentuados, particularmente no funcionamento executivo e na velocidade de processamento .
Foi descoberto que o diagnóstico de DM2 foi significativamente associado à atrofia da substância cinzenta, principalmente no estriado ventral , cerebelo, e putâmen , com reorganização da atividade cerebral (diminuída no córtex caudado e pré-motor e aumentada na área subgenual , córtex orbitofrontal, tronco encefálico e córtex cingulado posterior ). As alterações estruturais e funcionais associadas ao DM2 apresentam uma sobreposição marcada com os efeitos correlacionados com a idade, mas aparecem mais cedo, com a duração da doença ligada à neurodegeneração mais grave.
O tratamento com metformina não foi associado a melhores resultados neurocognitivos.
A conclusão deste trabalho é que o impacto neurocognitivo do DM2 sugere uma acentuada aceleração do envelhecimento cerebral normal. A atrofia da substância cinzenta devida a DM2 foi aproximadamente 30 % mais rápida do que o envelhecimento de indivíduos normais , associado ao aumento neurodegenerativo . Os resultados sugerem um componente neurometabólico para o envelhecimento cerebral.
Clinicamente, biomarcadores baseados em neuroimagem podem fornecer uma valiosa medida adjuvante da progressão do DM2 e eficácia do tratamento com base nos efeitos neurológicos.
Fonte: eLife – Epidemiologia e Saúde Global, 24 de mio e 2022
Boton Antal , Liam P McMahon , Sved Fahad Sultan , André Lithen , Deborah J Wexler , Bradford Dickerson , Eva-Maria Ratai , Lilianne R Mujica-Parodi
Departamento de Engenharia Biomédica, Stony Brook University, Estados Unidos Centro de Imagens Biomédicas Athinoula A. Martinos, Massachusetts General Hospital e Harvard Medical School, Estados Unidos Departamento de Ciência da Computação, Stony Brook University, Estados Unidos Diabetes Center, Massachusetts General Hospital e Harvard Medical School, Estados Unidos Departamento de Neurologia, Massachusetts General Hospital e Harvard Medical School, Estados Unidos Departamento de Neurologia, Stony Brook University School of Medicine, Estados Unidos