Importante estudo foi publicado na revista Circulation, em que os autores investigaram o valor preditivo das várias categorias do escore de cálcio, no risco de doença arterial coronária, e de AVC(derrame cerebral), separadamente, em indivíduos assintomáticos, de acordo com o sexo e etnia.
Foram incluídos participantes brancos, negros e latinos, com escore de cálcio medido nos estudos MESA (Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis) e DHS (Dallas Heart Study), que foram acompanhados para a incidência de eventos cardiovasculares.
Esses dois estudos prospectivos multicêntricos foram realizados nos Estados Unidos, em um total de mais de 7 mil pacientes, que foram avaliados com tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética e doppler das carótidas. Estudos realizados em uma população de meia idade (média de 57 anos) saudável.
As chances para se ter doença coronária e AVC em dez anos foram avaliadas entre as três categorias de escore de cálcio: zero, depois entre 1 e 99 e, por último, acima de 100 de escore de cálcio.
Entre os participantes, 49% apresentavam escore de cálcio de zero e 19% escore de cálcio maior do que 100, 574 eventos cardiovasculares (333 com doença coronária e 241 com AVC), que foram observados durante o período de seguimento médio de 12 anos.
As chances para o aparecimento de doença coronária e de AVC, em 10 anos, aumentaram de forma significativa através das categorias de escore de cálcio em homens, mulheres, brancos, negros e latinos.
Carga elevada de escore de cálcio (maior que 100) associou-se de forma independente com o risco de doença aterosclerótica cardiovascular, em todos os grupos. Não foram observadas interações entre escore de cálcio, sexo ou etnia, para eventos ateroscleróticos, doença coronária e AVC.
A adição de escore de cálcio, aos modelos tradicionais de predição de risco cardiovascular (calculadoras de escore de risco), melhora muito a estratificação de risco.
Resumindo, esse estudo, em indivíduos assintomáticos, mostrou a confiabilidade da avaliação do escore de cálcio e que pacientes com escore de cálcio elevado são os de maior risco para infarto e AVC. Escore de cálcio foi melhor na predição do risco de doença arterial coronária do que para AVC.
Com certeza mais pesquisas são necessárias para entender se, e para quem, a pontuação de escore de cálcio melhoraria os resultados cardiovasculares.
Mehta A et Al. Predictive Value of Coronary Artery Calcium Score Categories for Coronary Events Versus Strokes: Impact of Sex and Race MESA and DHS. Circulation: Cardiovascular Imaging.2020.DOI:10.1161/CIRCIMAGING.119.010153
Fonte: Saúde Plena – Estado de Minas , Por: Evandro Guimarães , Membro titular Soc.Bras.de Cardiologia e Fellow da Soc.Europeia de Cardiologia , 05/02/2023