Obesidade deve atingir 11,3 milhões de crianças no Brasil em menos de 10 anos

Obesidade deve atingir 11,3 milhões de crianças no Brasil em menos de 10 anos

Especialistas alertam sobre a importância da atividade física para estimular o desenvolvimento dos pequenos e atuar na prevenção de doenças

Fonte: Saúde Plena – EM – por Lilian Monteiro 07/12/2018 

Como encontrar o equilíbrio? Se antes a preocupação do Brasil era com a desnutrição e com o número de crianças abaixo do peso, agora, a grande apreensão é com taxas cada vez maiores de crianças obesas, com excesso de peso. A sociedade atual, com consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura, principalmente industrializados, tem de lidar com um quadro grave de saúde. Em menos de uma década, a obesidade pode atingir 11,3 milhões de crianças no Brasil, segundo a Federação Mundial de Obesidade.

Segundo estudo publicado em 2017 na revista científica The Lancet, a taxa global de obesidade em crianças disparou em 41 anos. A prevalência em meninas saltou de 0,7% em 1975 para 5,6% em 2016. Em meninos, a alta foi ainda maior: saiu de apenas 0,9% em 1975 para 7,8% em 2016. Como consequência, 124 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos ao redor do mundo estavam obesos em 2016. Os pesquisadores, coordenado pela universidade inglesa Imperial College London e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), alertam que se a obesidade continuar crescendo nos níveis das últimas décadas, em cinco anos o mundo terá mais crianças e adolescentes obesos do que com baixo peso.

Jair Amaral/EM/D.A Press
Ivani Novato Silva é presidente do Comitê de Endocrinologia (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Ivani Novato Silva, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG e presidente do Comitê de Endocrinologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria, explica quando uma criança é considerada obesa: “É aquela que apresenta excesso de massa gorda. Esse excesso pode ser classificado como sobrepeso ou, em grau mais avançado, obesidade. O excesso de peso é devido a uma somatória de fatores, incluindo uma predisposição genética, mas especialmente ambientais, como alimentação inadequada, com consumo em excesso de alimentos industrializados, e sedentarismo, com longo tempo diante de celulares, tablets, TV e jogos eletrônicos. Tudo isso vai levar a um desequilíbrio entre o consumo e o gasto calórico”.

A médica alerta que, embora frequentemente não seja reconhecida como tal: “A obesidade é uma doença sistêmica, então pode afetar praticamente todo o organismo. Desde a infância existem alterações inflamatórias e metabólicas nas pessoas obesas que também podem evoluir com outras manifestações, como a hipertensão, dislipidemias, o diabetes mellitus do tipo II, alterações hepáticas e renais, problemas ortopédicos e respiratórios. E, ainda, as dificuldades comportamentais e de inserção social.”

Com a doença diagnosticada, o tratamento é a única saída. Ivani Novato enfatiza que, considerando os fatores desencadeantes, a principal intervenção inclui a mudança de estilo de vida. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o tempo máximo total de telas deve ser de 2 horas/dia e somente para crianças após 2 anos.

“A abordagem precisa envolver todos os membros da família, visando a mudanças nos hábitos de vida do grupo familiar. Em geral, medicamentos não são recomendados, já que têm efeito temporário e não resolvem o problema. Mas em situações especiais, por exemplo, comorbidades graves e alto risco de morte, aí sim podem ser empregados”, observa Ivani Novato.

GORDINHO SAUDÁVEL 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, uma em cada três crianças no Brasil está pesando mais do que o recomendado. “Muitas famílias têm dificuldade em reconhecer o excesso de peso dos seus filhos. Acreditam ainda que ‘criança gordinha é saudável’ e subestimam o peso. Ocorre que 80% das crianças com excesso de peso aos 8 anos mantêm o excesso de peso na vida adulta”, alerta Ivani Novato.

Pais obesos, filhos obesos? É hereditária? “Em raras situações, as crianças obesas apresentam algum quadro sindrômico que está associado à obesidade e necessitam de acompanhamento especializado. Frequentemente, vemos pais obesos e filhos obesos, situação ligada principalmente aos hábitos de vida prejudiciais compartilhados pela família. Por isso a necessidade de abordar toda a família”, destaca Ivani Novato.

Diante desse quadro aterrorizador, Ivani Novato avisa que é preciso se preocupar com a prevenção: “Desde os primeiros meses de vida, aleitamento materno exclusivo. Em seguida, evitar premiar com guloseimas, atuar junto às crianças mostrando o que é uma alimentação saudável, estimular brincadeiras ao ar livre e o compartilhamento das experiências afetivas, tudo isso é a base para um futuro mais feliz. E, paralelamente, trabalharmos em conjunto para que medidas protetoras sejam priorizadas”.

Fim aos estereótipos 

Em tempos de bullying, julgamentos cruéis e atitude execrável, estar acima do peso pode se tornar outro obstáculo para as crianças gordas. Ana Maria Costa da Silva Lopes, presidente do Comitê de Saúde Mental da Sociedade Mineira de Pediatria e psiquiatra da infância e adolescência, explica que a autoestima é uma avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como positiva ou negativa em algum grau e envolve as crenças e emoções autossignificantes e o comportamento. “Nem sempre a obesidade gera uma autoestima negativa, há crianças que lidam muito bem com o próprio corpo e com as impressões dos outros. Evidentemente que em uma sociedade em que se tem a supremacia de um padrão de beleza, pode ser que em algum momento a criança venha a se sentir menos confiante ou ter menos aceitação da própria imagem.”

Ana Maria afirma que a criança que convive em um ambiente hostil tende a responder com um comportamento hostil ou algumas vezes com uma introspecção ou retraimento social. Essas situações devem ser avaliadas caso a caso. O papel da família e da escola deve ser de vigilância, de estar atento a mudanças de comportamento e alteração do desempenho escolar que podem sinalizar que algo não vai bem. Conforme a psiquiatra, não há uma correlação direta entre obesidade e depressão. Uma criança deprimida pode ter alterações de apetite, que variam desde a redução ao aumento de apetite resultando em perda ou ganho de peso. “A depressão é um transtorno multifatorial, depende de fatores genéticos, endócrinos e ambientais. Se a criança lida bem com sua imagem corporal e vive em um ambiente que promove um estilo de vida saudável e valorização de sentimentos positivos, provavelmente lidará bem com seu tipo físico.”

De acordo com Ana Maria, os fatores emocionais são uma ponta do iceberg. Ou seja, a ansiedade e a depressão são apenas o começo ou uma pequena parte de um problema ou situação muito mais complexa. Evidentemente, o excesso de uso de tecnologias promove hábitos sedentários, erros alimentares, pois a criança faz uma refeição correndo para ter mais tempo no celular, computador ou videogame. “O excesso de informações pelas redes sociais aumenta a incidência de transtornos de ansiedade com consequente alteração de padrão do sono, humor e comportamento, que, de forma direta ou indireta, contribuem para alterações do ganho de peso, sobrepeso e obesidade. O essencial é abordar e tratar sob a perspectiva multifatorial.”

Cinco perguntas para…

Cristiane Martins – cardiologista pediátrica do corpo clínico do Biocor Instituto 

1) Como diagnosticar a obesidade infantil? 

A composição corporal de um indivíduo pode ser avaliada pelo Índice de Massa Corporal (IMC), que leva em consideração a massa do indivíduo, dividida pelo quadrado da sua altura. Existem resultados de IMC específicos para cada indivíduo variando de idade para idade, visando atender às características fisiológicas de cada um deles. Para avaliação de adolescente é preconizado que, além da altura e peso, seja consultado o sexo e a idade, sendo recomendada a classificação do percentil do IMC. O IMC não é indicado para bebês e crianças, pois eles passam por rápidas alterações corporais decorrentes do crescimento. Para verificar a adequação da altura e do peso até os 5 anos, a rede pública de saúde do Brasil usa o “cartão da criança”, cujo acompanhamento é feito nos postos de saúde.

2) Quais as causas da obesidade infantil? 

A etiologia da obesidade é multifatorial, ou seja, não se resume apenas a um agente responsável pelo seu desenvolvimento. Um dos fatores negativos que mais contribuíram para essa epidemia é a modernidade, que trouxe consigo comodidades para nosso dia a dia, refletindo em um estilo de vida sedentário, em que o carro permite a locomoção em menor tempo, elevadores substituem as escadas, o controle remoto da TV evita qualquer esforço físico. Essa ausência de movimento é nociva para o indivíduo, contribuindo para o aumento de peso. Outra causa é o comportamento alimentar adotado pela família. A questão genética também tem grande impacto sobre a possibilidade de uma criança se tornar obesa. Assim, quando o pai e a mãe são obesos, a criança tem 80% de chance de sofrer com o excesso de peso. Esse número cai para 50% quando apenas um dos genitores é obeso. Agora, quando os pais são magros, a probabilidade é de apenas 18%. Porém, a genética influencia, mas não necessariamente obriga a criança ser obesa. A genética aliada à má qualidade de vida é que tornam essas chances reais. O desmame precoce é outra causa da obesidade infantil. O Ministério da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e a manutenção da amamentação até os 2 anos de idade. Exames nacionais mostram que, em média, mães amamentam por 1,8 mês. Cada mês de amamentação materna está associado à redução de 4% no risco de desenvolvimento de excesso de peso. Segundo a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, estudos apontam que amamentar o bebê por mais tempo tem efeito protetor contra a obesidade infantil.

3) Quais as consequências?

A questão da obesidade na infância está longe de ser um problema estético. Uma criança de 4 anos que sofre com o problema de excesso de peso tem 20% de chance de tornar se um adulto obeso, já quando se trata de um adolescente obeso, a chance de ele continuar sendo obeso na vida adulta é de 80%; com risco aumentado para as doenças que acompanham o excesso de peso. A obesidade é responsável pelo desenvolvimento de diversas complicações de saúde para a vida do indivíduo, entre elas doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial, aumento do colesterol, que levam à formação de placas coronarianas precoces, diabetes tipo II, problemas ortopédicos, cutâneos, perturbações de crescimento, alterações gastrointestinais e hepáticas, apneia do sono e doenças psicossociais como passividade, performance intelectual reduzida, baixa autoestima, distúrbios psicológicos, isolamento e ausência do convívio social.

4) Como prevenir?

A prevenção da obesidade infantil começa já na gravidez, levando em consideração as questões genéticas e pré-natais. É importante manter uma alimentação saudável durante a gravidez e controlar o aumento do peso durante a gestação. Após o nascimento, os pais devem ser orientados sobre a importância do aleitamento materno. Educar os pais sobre regular a alimentação e não forçar a ingestão excessiva, quando o bebê não quiser comer. Lembrar que nem todo choro significa fome. Os pais devem encorajar e oferecer um estilo de vida saudável à criança, evitando industrializados, optando por alimentos preparados em casa, com pouco açúcar e gordura. Incentivar a prática de atividades físicas, com os pais sendo o exemplo. Além disso, é importante agendar visitas de acompanhamento anual para seus filhos, evitar usar alimentos como recompensa ou punição para as atitudes da criança, enfatizar o lado positivo da boa alimentação e ter responsabilidade com seu próprio peso.

5) Como tratar?

Como a obesidade infantil é uma doença multifatorial, o tratamento será recomendado de acordo com as causas. O pediatra avaliará se há fatores genéticos, psicológicos ou comportamentais e sugerir o que for necessário.

Criança tem que se mexer 

Krista Davis/Freeimages
(foto: Krista Davis/Freeimages)

Vivemos no mundo da infância digital e a prática da atividade física pelas crianças é um desafio para pais e responsáveis. Fora as exceções, certo é que o Brasil tem cada vez mais pequenos obesos e sedentários. O desafio, além de estimular o consumo de uma alimentação saudável, é fazer com que se mexam. Induzi-los a sair do universo das telas para as quadras, campos, ginásios e piscinas.

Criança que não pratica atividade física tem o desenvolvimento físico e cognitivo afetados. O impacto age ainda sobre as habilidades motoras, bem-estar psicológico, competência social e maturidade emocional. Carlos Eduardo Reis da Silva, pediatra e médico do esporte, afirma que a atividade física é uma ferramenta importantíssima na prevenção e tratamento de várias doenças, muitas das quais têm inicio na infância. Ele não especifica uma idade para começar a fazer exercícios, indica que o ideal é desde cedo. “É importante que os pais incentivem seus filhos, mesmo os bebês, com mudanças de decúbito, brincadeiras etc. Os bebês já nadam a partir dos 6 meses.”

Para Carlos Eduardo Reis da Silva, qualquer atividade é bem-vinda. Para ele, o importante é deixar a criança brincar e incentivá-la com práticas ditas espontâneas e que sempre fizeram parte da infância, como correr, saltar, pedalar. O pediatra lembra que a prática vai mudar de acordo com a idade: “À medida que o desenvolvimento neuropsicomotor evolui, as habilidades para o aprendizado e a execução de atividades mais complexas também evoluem. Devemos respeitar o nível de desenvolvimento e adequar volume e intensidade de acordo com as faixas etárias”.

Jair Amaral/EM/D.A Press
“Existem esportes que são inadequados dependendo da faixa de idade, nível de maturação e desenvolvimento, mas também devemos considerar a logística familiar, local de realização e preferências pessoais”- Carlos Eduardo Reis da Silva, médico pediatra (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

A dosagem certa da carga de exercícios, conforme Carlos Eduardo, é individual e de acordo com as várias modalidades esportivas. O importante, ele destaca, é que, preferencialmente, a atividade seja lúdica. “Mas vemos que desde cedo a competitividade e a cobrança por performance vêm sendo colocadas nem sempre de maneira adequada, ocasionando estresse emocional e físico para a criança. A alegria e o prazer devem prevalecer sobre a performance e a competição neste grupo etário.”

É preciso cuidado na hora de escolher o esporte para a criança. O médico diz que vai depender do gosto de cada um e de cada modalidade. “Existem esportes que são inadequados, dependendo da faixa de idade, nível de maturação e desenvolvimento, mas também devemos considerar a logística familiar, local de realização e preferências pessoais. De modo geral, na faixa de 6 a 10 anos, devemos incentivar o chamado ciclo básico de esportes, com proposta de ensinar à criança as várias modalidades esportivas sem uma preferência específica, com o objetivo de desenvolver um maior repertório motor. Mas devemos sempre estar atentos ao talento inerente da criança para esta ou aquela modalidade. Evitar a especialização precoce é a palavra de ordem nessa fase. Depois dos 10, 12 anos, tem a escolha pelo esporte definitivo e se será feito de modo recreativo ou competitivo”, explica o pediatra.

CIDADANIA 

Carlos Eduardo enfatiza que estatísticas comprovam que uma criança fisicamente ativa tem maiores possibilidades de ser um adulto fisicamente ativo e esse estilo de vida será fundamental na prevenção de diversos males da vida moderna, como sedentarismo, tabagismo, etilismo, uso de drogas etc. O médico destaca o valor social do esporte: “Ensina ética, respeito ao colega, trabalhar em equipe, busca de objetivos, além de ensinar a enfrentar as frustrações. Um bom professor e a boa condução por parte dos pais certamente têm um impacto incrível na formação do mais importante nos nossos tempos, que é a cidadania”. Sem falar que, destaca o pediatra, a atividade física melhora a autoestima e, nestes tempos atuais de vida indoor e poucos espaços para convívio, contribui sobremaneira para reduzir o isolamento social. Ainda mais em tempos de games, em que tudo é individualizado e solitário.

Para Carlos Eduardo, o exemplo é a melhor arma de incentivo às crianças. Tudo fica mais fácil por meio do exemplo, que vem dos pais. Pais fisicamente ativos são excelentes promotores desse estilo de vida para os filhos. As escolas também são aliadas ao incentivar as aulas de educação física e permitir que os educadores físicos trabalhem com os alunos todos os conceitos que envolvem a prática regular da educação física escolar.

Para começar uma atividade física sem correr riscos, Carlos Eduardo alerta que é fundamental conversar com o pediatra, fazer uma consulta médica direcionada para esste fim e, uma vez iniciada a atividade, observar como o seu filho está se manifestando em relação ao exercício físico (felicidade, disposição em ir praticar, entrosamento com os colegas), além de observar sintomas que possam ser manifestações de enfermidades não diagnosticadas na avaliação prévia, o que pode ocorrer. O pediatra enfatiza que “sempre é desejável que o profissional em qualquer área que trabalhe com crianças tenha formação, porém existem casos em que os excessos são cometidos pela própria família, em busca de melhora na performance com treinamentos em agremiações diferentes, em horários consecutivos, sem o conhecimento do profissional da educação física, gerando estresse físico e emocional no jovem praticante”.

Carlos Eduardo ressalta que a inatividade física tem vários motivos e situações correlatas associadas e muitas de fundo social, como a falta de espaços públicos, violência urbana, logística familiar, patologias da criança etc. “O importante é que, independentemente disso tudo, devemos trabalhar e orientar pais e escolas a dar oportunidade para que as crianças se divirtam em grupo, convivam ao ar livre e façam atividades espontâneas ou monitoradas, tendo prazer e alegria e deixando que o destino se encarregue de definir se serão futuros campeões ou pessoas que, por meio do esporte e do exercício físico, se formarão como indivíduos produtivos para a sociedade.”

Fernando Takashi/Divulgação
(foto: Fernando Takashi/Divulgação)

Cinco perguntas para…

Luiz Tintori – médico especialista em medicina esportiva e ortopedia 

1) Quais os exercícios recomendados para as crianças?

As crianças se beneficiam de atividades lúdicas como pega-pega, esconde-esconde etc. A recomendação atual é de três horas de atividades físicas intensas todos os dias, que podem incluir esportes, brincadeiras na escola, com os amigos do condomínio ou da rua. Quanto menos sofá e videogames, melhor. Praticar atividades intensas como pega-pega, queimada e aulas de educação física, que envolvam a coordenação motora, consciência corporal, alongamento e força muscular, é ótima pedida. É na infância e adolescência que o indivíduo desenvolve as características para determinados esportes e cria um vínculo com a atividade física, ficando mais propenso a seguir esse ritmo na fase adulta.

2) Com qual idade a criança deve ser estimulada? 

Desde que começa a engatinhar ou andar. A prática de exercícios desde a infância diminui o risco a longo prazo de o indivíduo virar obeso e ter outras doenças crônicas.

3) Quais os benefícios?

A criança que exercita será um adulto mais saudável? Não podemos predizer ao certo se a criança que pratica exercícios será um adulto saudável, pois vai depender de fatores externos, como condições socioeconômicas por exemplo. As evidências científicas mostram que os riscos para doenças crônicas são menores na vida adulta em crianças fisicamente ativas. O importante é o apoio e exemplo dos pais. Pais sedentários e que não participam das atividades dos filhos nas horas vagas tendem a criar filhos mais propensos a ser sedentários. Vide nos Estados Unidos, onde a prática de exercícios é algo social, e nas casas vemos tabelas de basquete, por exemplo, e os pais sempre participam.

4) Quais os riscos da falta de atividade física? 

O sedentarismo é a quarta causa de morte no mundo atual. Crianças sedentárias têm mais chance de desenvolver diabetes e hipertensão durante a infância e a adolescência. Chegando à vida adulta obesos, o risco de cânceres aumenta até 40%. Alzheimer, infarto e derrames podem ter até 50% de chance de ocorrer.

5) Por outro lado, o excesso acarreta consequências ruins? 

Não existe nenhuma evidência científica atual que prova que atividades de alta intensidade e impacto em crianças e adolescentes causam déficit de crescimento ou de desenvolvimento motor. Pelo contrário, só trazem benefícios. Criar uma criança sedentária a condena a ter várias doenças na vida adulta.